sábado, 24 de abril de 2010

Sejam bem vindos camaradas!

A literatura africana de língua portuguesa parece ainda distante de nós, ou ao menos restrita aos nomes de sempre como José Eduardo Agualusa e Mia Couto. Ondjaki, angolano de trinta e pouco anos e que agora reside no Brasil, pode ser uma porta de entrada perfeita para essa literatura. Neste "Bom dia Camaradas" somos transportados para uma Luanda (capital de Angola) pós-colonial, que tenta tornar-se moderna e apagar de alguma forma as profundas marcas deixadas pela guerra civil. A história não tem nada de extraordinário, porém a forma como e´contada, repleta de lirismo e coloquialidade, contagia o leitor. O dia a dia narrado por um menino, suas descobertas, a presença dos professores cubanos, dos recém chegados aparelhos eletrônicos, da comida, enfim, a retomada de um sentimento comum a todos - a saudade da infância - carregada de influências brasileiras que vão de Guimarães Rosa a Caetano Veloso, fazem deste livro uma delicia. Porque como diz Luiz Ruffato no comentário sobre a obra "não é o que se conta o que importa, mas como se conta". Portanto, sejam bem vindos camaradas.

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