quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Diálogo

Lá estávamos sentados dentro da lanchonete... Olhávamos um para o outro e queríamos falar coisas, mas não conseguíamos. Eu sugeri uma brincadeira. Ela aceitou. Peguei um guardanapo e comecei a escrever:
- Quero você. Você quer?
- O quê?
- Tudo.
- Tudo é um pronome indefinido. Defina o "tudo".
- Alma, coração, calor, boca, suor, cheiro, corpo, língua, pêlos, ausência de pêlos, tudo.
- Qual era a pergunta mesmo?
- Você quer o meu "tudo"?
- Quero algo além do seu tudo.
- O que está além?
- O que você não mostra, o obscuro.
- Para ver o obscuro você é quem deverá iluminá-lo.
- Não tenho luz, não quero iluminá-lo. Quero somente saber o que há nele. Que se abra a caixa de Pandora e solte o que você tem realmente dentro.
- Apenas dê-me atenção, ouça-me, entenda-me, aceite-me. Faça amor comigo e não sexo.
- Eu não costumo misturar as coisas. Você terá o que me der. As coisas boas e as ruins.
- Nossa! Quero você agora! Eu sou o que tenho pra te oferecer. O claro e o escuro. O amor e o sexo. Mais amor ou mais sexo, depende da sua proporção de amor e de sexo.
- Faço sexo com amor, mas não misturo uma coisa com outra. O sexo é corpo e amor é alma. Corpo e alma são diferentes pra mim. Você terá carinho, o meu carinho. Poderá ter o meu amor, contudo, isso é uma outra história.
E assim nos beijamos e seguimos o nosso caminho. Separados. E fim.