sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Leiam...(Até o dia em que o cão morreu - Daniel Galera)

Você não aguenta mais os "clássicos" (ainda que a culpa seja, acredite, do seu professor (a) de Português)? Acha que não tem mais idade para Harry Potter ou está cheio de olhar para o lado, para cima, e ver Crespúsculo e suas trezentas mil continuações e similares? Bem, que tal alugar um apartamento, perambular pela cidade, escrever, ler, escrever, trabalhar com as palavras, mesmo que ganhe apenas o suficiente para sobreviver, mas ter toda a liberdade do mundo aos vinte e poucos anos? Fazer você pensar realmente na vida e no que importa - ou não - usando uma prosa direta, ácida, atual, sem ser depreciativa ou cheia de clichês, é um dos grandes trunfos do livro de Daniel Galera. Escritor da nova cena literária brasileira. A história que tinha tudo para cair no senso comum, ainda mais com a entrada de uma personagem feminina e de um cão, nas mãos de Galera vira uma grande viagem pela vida. Livro, bom, ótimo. Uma crescente. Livro para ler de uma sentada só. Livro de verdade.

domingo, 25 de outubro de 2009

Sem fim, o fim...

Mundo giran-
Do lado err-
Adotei uma identida-
Demorei para descob-
Rir da imagem ao espelho.
Contei uma menti-
Rapidamente me arrepen-
Dizendo que foi enga-
Nomeando um sentimento.
Fugiu de mim sem-
Prestar atenção não bas-
Tanto que não vi que tu-
Do que mais quero é pela met-
Adeus.

Nada a ver

Cantei uma música,
Não era música.
Fiz um barulho,
Barulho não é mais.
Tentei sentir o silêncio,
Silêncio silenciado ficou.
Sinestésico desejei ser,
Não sou!
Tentei amar,
Virei amigo?
Questionei e esperei
Mudo, o mundo respondeu:
- Rapaz tolo, mulheres querem ser mulheres, não amigas!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Um dia qualquer de outubro

Jamais pensei que viveria um dia como aquele.
Sete meses atrás, entrei na escola um pouco deslocado. Até certo ponto assustado. Olhava para eles e seus rostos pareciam meteoros vindo em minha direção. No fundo eu sabia que eles eram estrelas. Constelações nos olhos. Um universo em expansão dentro da alma. Agora sei que eu não passava de um cometa vagando por sistemas solares.
A cena final de Sociedade dos Poetas Mortos deve durar uns cinco minutos. Da última fileira de cadeiras no fundo do auditório até o armário em que ficam os aparelhos, devo ter dado uns trinta passos. Meu coração bateu umas quinhentas vezes. Mas, não importa a contagem, a sensação é de que o tempo havia parado, como a Macondo de Cem Anos de Solidão ou como quando Constantine se transporta para o inferno. Confesso que tudo pareceu distante. Muito mais que a perda da sensação de tempo, tinha perdido a vida.
Quando virei para dar a notícia, lembrei-me de vários momentos: quando fui sabatinado; quando troquei aulas chatas e monótonas por aprendizado entre sábios; das conversas e divagações que iam do livro biblico de Gênesis até à árvore da vida da cultura judaica; de discutirmos sobre Crepúsculo e Harry Potter e terminar falando em Morro dos Ventos Uivantes; sobre Beatles, Oasis, Ac/Dc, Chico Buarque e de uma porrada de sons; quando errava e assumia; quando me retratava por algo dito em má hora; por centenas de horas vividas ao lado de amigos.
De repente senti que o oceano inundava-me. As palavras fugiam pelo ar e minha boca não podia contê-las. Fiquei sem fala, sem ideias, sem ação. Consegui apenas agradecer. No fundo não havia mesmo o que ser dito.
E tudo foi honra e prazer.