sábado, 21 de agosto de 2010

Desconfiar pra quê?

Quando dizemos que a vida é uma roda gigante. Sempre algum babaca vem e nos trata como idiotas e frustrados; olham-nos com uma cara de piedade; como se só soubessemos nos comunicar via clichês. Ao aceitar tomar uma cerveja com K., era justamente essa a reação que esperava encontrar. Ela: vaidosa, bonita, com mestrado, um cargo bacana, um namorado executivo, morando numa baita casa e num bairro com toda infraestrutura. Eu, bem... mestrando, revisor de livros, tentando escrever para um blog, tentando escrever um livro, tentando sair de um relacionamento frustrado, tentando sobreviver. Assim, um eterno tentador, mas apenas para a vida, não para as mulheres.
K. antes do convite, me desconvidou. Parecia indecisa. Achei as desculpas dos filhos e da empregada e do namorado e do local e do dia e do horário, sem pé nem cabeça. Por fim, eu que esperava um baita encontro, tive que contentar-me com um café no seu próprio local de trabalho. Uma hora e meia depois, suado por causa do trânsito; nada cheiroso depois de trabalhar dez horas seguidas; até os dentes sujos da hora do almoço havia esquecido. O cara da portaria não o deixava entrar; não sabia seu ramal e nem o setor que ela trabalhava. Esperou por vinte minutos num frio bem paulistano.
Quando ela marcou e desmarcou e marcou novamente, disse que naquele dia não estava vestida adequadamente para fazer companhia para alguém. Poxa, nem se deu ao trabalho de falar "pra você", usou "alguém".

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